Ontem de madrugada, já estavam todas as luzes apagadas, a casa em silêncio, o namorado dormindo, e um livro do Cortázar resolveu tornar-se inesperadamente assustador.
Era um conto chamado Verano, sobre um casal que morava em uma cabana no campo, afastada de tudo, e ia cuidar da filha de um amigo por uma noite.
Depois que a menina dormiu, um cavalo branco invadiu o jardim da casa e começou a tentar quebrar portas e janelas para entrar.
(O Cortázar consegue contar isso de um jeito tão assustador que tive medo de ter um cavalo em meu corredor.)
A mulher começa a pirar que a criança só tinha sido levada até lá esta noite para abrir a porta para o cavalo – e acredita que, se for dormir, ela irá abri-la.
Por fim, seu marido a convence a ir dormir.
Ao amanhecer, ele desce para a sala, onde a garota dormia, e a porta está aberta.
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Às vezes, pessoas podem entrar em nossas vidas por motivos tão distintos. E nos assustamos à toa, achando que aquilo vai se tornar um pesadelo.
É. Às vezes as pessoas surgem em nossas vidas para abrir uma porta, sim. Mas não há o que temer. Porque, na maioria das vezes, um cavalo é apenas um cavalo.
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