Ele explica que, um dia, elas param de ouvir o som da água. No começo é irritante, aquele barulhão de água batendo nas pedras noite e dia, interrompendo o sono. Mas após algumas semanas, de repente, você consegue dormir uma noite inteira sem nem notar que parou de ouvir o barulho.
Ele diz que é como o luto. No início, sempre achamos que não conseguiremos conviver com aquilo. Mas sempre chega um dia em que uma viúva consegue ter uma noite de sono tranquila, acordar e tomar seu café da manhã sem ouvir o fantasma do marido ecoando na mente. "Seu sofrimento é substituído por uma tristeza proveitosa."
"Todo amor é entalhado em perdas. (...) Mas nós aprendemos a viver nesse amor."
E acho que o amor e as perdas se baseiam mais ou menos nesse mesmo princípio. O começo e o fim do amor são igualmente mudanças, sejam elas boas ou ruins: você precisa ter a disposição pra ouvir o barulho da cachoeira por um tempo, até que aquilo passa a fazer parte de sua vida.
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